REVIEW: Roxy Blue – “Roxy Blue” (2019)

 


Roxy Blue – “Roxy Blue”

Lançado em 9 de agosto de 2019

Frontiers Records – IMP. – 41min

 

Nem parece, mas 27 anos separam o hoje clássico cult “Want Some?” deste autointitulado segundo álbum do Roxy Blue. Isso porque a banda, agora com Jeffery Wade Caughron no lugar de Sid “Boogie” Fletcher, atualmente um odontologista de sucesso, na guitarra, em nada sofreu com a mudança. Todd Poole (vocais), Josh Weil (baixo) e Scott Tramell, o outrora Scotty T. (bateria) portam o estandarte com vigor semelhante ao de três décadas atrás, mas não se restringem aos grilhões do passado glorioso que poderiam ter tido. Prova disso é “Scream”, cujo invólucro moderno leva o hard rock “ao vivo em estúdio” do grupo a um novo patamar, mais interessante para ouvintes que não se incomodam quando seus artistas favoritos resolvem inovar.

 

Aos que repelem a modernidade a ponto de ignorar o advento do streaming, saibam que o fator retrô tem ótimas representantes, como “Rockstar Junkie”, single no qual o fator empolgação é inversamente proporcional à taxa de entropia necessária para assimilar sua letra primária, e a derradeira “Overdrive”, na qual Poole canta “I feel so alive” com uma convicção que ninguém que tenha ouvido o disco do início ao fim ousaria contestar.

 

Aliás, como a voz do Poole cinquentão, de rouquidão tabagista convertida em recurso e marca registrada, está bacana! O outro destaque individual é Caughron, que de modo algum se intimida pela condição de novato e apresenta um trabalho de guitarras consistente e condizente — nada de firulas fora de hora ou tentativas de roubar toda a atenção para si, por mais que isso vez ou outra acabe acontecendo devido à qualidade de seus riffs e à timbragem carregada de seu instrumento.

 

Por fim, o campo das baladas é contemplado com números que o tempo se encarregará de conferir a importância de “Times Are Changin’” ou “Nobody Knows”: “Collide” e “How Does It Feel” — curiosamente escolhida como videoclipe de estreia — são excelentes amostras de como é possível falar de amor sem resvalar na breguice do óbvio e na mesmice dos clichês líricos aos quais muitos se rendem na esperança de que a repetição seja recebida como algo positivo.

 

Que o tempo se encarregue também de assegurar a “Roxy Blue” a exaltação merecida: muito mais do que uma simples volta dos que não foram, o álbum diz em alto e bom som que a banda voltou para ficar. Ótima reestreia.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 19 de agosto de 2019.

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