REVIEW: Dokken – “The Lost Songs: 1978-1981” (2020)

 


Dokken – “The Lost Songs: 1978-1981”

Lançado em 26 de agosto de 2020

Urubuz Records – NAC. – 44min

 

O mesmo pano de fundo do ao vivo “From Conception: Live 1981” (2007) se repete no mais novo apanhado de sobras do Dokken. Em meio à mudança de Los Angeles para o Novo México, o vocalista Don Dokken localizou rolos de fita datados do final dos anos 70 contendo as primeiras demos que gravou com o produtor Michael Wagener. Com a ajuda de Jon Levin e BJ Zampa, que refizeram parcialmente as guitarras e a bateria, o material passou no controle de qualidade para ser lançado.

 

Mas a verdade é que o grosso aqui presente não é tão “lost” assim; pelo menos não para os fãs do tipo completistas. Para começar, metade do repertório provém do amplamente pirateado EP “Back in the Streets”, que, de acordo com Don, nada mais é do que uma fita demo que foi roubada dele e pelo qual a banda não ganha um centavo. “Broken Heart” e “Hit and Run” também são velhas conhecidas do público: a primeira é o lado B do compacto “Hard Rock Woman”, de 1979, peça com valor estimado em mais de 5 mil reais segundo o Discogs. Já a segunda caiu na net faz tempo.

 

Restam, portanto, três músicas, e são elas que fazem valer o investimento: “Step Into the Light”, “No Answer” e “Rainbows”. Os riffs, sobretudo nas duas primeiras, remetem ao que de melhor a formação clássica do Dokken produziu na década de 80, e Don impõe a maturidade de sua voz, vítima do tempo e das circunstâncias, da melhor maneira que lhe cabe, tal como vem fazendo desde o ótimo “Lightning Strikes Again” (2008). Já a terceira compõe o elenco baladeiro juntamente com “In the Middle”, “Alone Again”, “Slipping Away” e outras feitas sob medida para os de coração entorpecido: “Os arco-íris se escondem por trás das nuvens por medo de mostrar que o sol ainda brilha”, diz a letra, levantando um questionamento, apontando para uma reflexão.

 

Quem assina a belíssima capa é o veterano Tokyo Hiro, artista cujo talento já estampou discos do Motörhead, do GBH e do Mötley Crüe, entre outros. E por falar em Tokyo – agora, a cidade –, como de praxe, os japoneses saem na frente com uma bonus track exclusiva: “Going Under”. Mas não se preocupe, pois se trata da mesma que saiu em 2005 como parte do duplo “The Lost Anthology”, de George Lynch. Pelo menos é o que me disse um amigo nipônico de confiança. Mas nem tudo é derrota: o slipcase – a luva protetora – é exclusividade da edição brasileira.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 28 de agosto de 2020.

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