Buffalo Summer – “Desolation Blue”
Lançado em 27 de março de 2020
Hellion Records – NAC. – 46min
Cinco dias. Cinco fucking dias foi o tempo que o Buffalo Summer levou para gravar o grosso de “Desolation Blue” ao vivo em estúdio; uma prática pouco comum nos dias de hoje. Como em time que está ganhando não se mexe, a produção ficou novamente a cargo de Barrett Martin – sim, o batera do supergrupo Mad Season e do Screaming Trees –, que acompanhou Andrew Hunt (vocais), Jonny Williams (guitarra), Darren Joseph-King (baixo) e Gareth Hunt (bateria) por uma semana num chalé isolado e só apertou o REC quando sentiu que o quarteto estava a todo vapor.
Apesar do título que, segundo o Hunt vocalista, representa a encruzilhada na qual a humanidade se encontra face à destruição do planeta e da sociedade como a conhecemos, o terceiro álbum dos galeses não evoca no ouvinte o baixo astral típico de quem muito contesta e pouco age. Na verdade, até nos reconforta: o rock, aquele mesmo, que não precisa ser salvo, está em ótimas mãos.
Mãos essas que não se limitam a imitar ou reproduzir fórmulas de eficácia previamente comprovada a exemplo de uma vastidão de postulantes ao título de “novo Zeppelin” ou “novo Sabbath”. Ao Southern Rock – eleito fio condutor apesar do oceano que separa Gales de Jacksonville, Flórida –, o Buffalo Summer acrescenta temperos dos mais variados, incluindo alguns que até hoje não têm o aval dos de mente mais fechada. Como não pensar em Pearl Jam – banda para a qual os caras sonham abrir um dia – ou Soundgarden ao ouvir “Pilot Light”?
Da mesma forma, como não lembrar de R.E.M. ao reparar o bandolim em “Last to Know”? Agora, senta que lá vem história: quem toca o instrumento na música é ninguém menos que Peter Buck, do R.E.M., que também dá uma canja com seu tradicional violão de 12 cordas em “The Bitter End”. Outro convidado especial é Kelby Ray, do The Cadillac Three, no single “Hit the Ground Running”, levando a amizade construída na estrada – as duas bandas fizeram turnê juntas pelo Reino Unido anos atrás – a outro patamar.
E por falar em estrada, é ela a grande responsável pelo entrosamento que viabilizou um processo de gravação tão ágil. São quilômetros e quilômetros rodados de 2012 até hoje; pena que somente no Velho Mundo. Quem sabe quando as coisas voltarem ao normal – ou forem estabelecidos os parâmetros do “novo normal” –, essa rapaziada não obtenha o reconhecimento que merece do lado de cá da poça, tal como o Rival Sons – aliás, um bom comparativo – foi capaz/deu a sorte de fazer anos atrás.
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Quem olha a capa pensa: "Provavelmente uma banda de ambient black metal. Mas não.
ResponderExcluirPor outro lado os caras fugiram dos clichês, apostando em uma capa diferente para o gênero.