Alcatrazz – “Parole Denied: Tokyo 2017”
Lançado originalmente em 7 de dezembro de 2018
Classic Metal Records – NAC. – 43min (CD1 & DVD) / 28min (CD2)
Em março de 2017, a Graham Bonnet Band desembarcou no Japão para shows em Osaka, Nagoya e Tóquio. Na última das três noites, o baixista Gary Shea e o tecladista Jimmy Waldo subiram ao palco para, ao lado de Bonnet, realizar a primeira reunião do Alcatrazz em mais de três décadas. Sem Yngwie Malmsteen/Steve Vai/Danny Johnson e Jan Uvena, guitarra e bateria ficaram a cargo de Conrado Pesinato e Mark Benquechea, integrantes da GBB. O repertório de cerca de uma hora incluiu músicas dos três álbuns de estúdio do grupo — “No Parole from Rock ‘n’ Roll” (1983), “Disturbing the Peace” (1985) e “Dangerous Games” (1986) —, com total ênfase no primeiro, do qual foram tocadas cinco das dez faixas.
Lançado originalmente pela Frontiers Records em dezembro de 2018, o triplo (2xCD + DVD) “Parole Denied: Tokyo 2017” ganha edição brasileira pela Classic Metal Records num momento em que o nome Alcatrazz segue na boca do povo devido ao fato de “Born Innocent” (2020), primeiro disco de inéditas da banda em 34 anos, também ter saído no Brasil e das recentes tretas que resultaram em rompimentos e na substituição de Bonnet por Doogie White.
No CD 1 e no DVD, a íntegra do show exibe músicos de carisma inversamente proporcional à maneira como tocam seus instrumentos e um vocalista que é a alma do negócio. Aos primeiros acordes da introdução de “Too Young to Die... Too Drunk to Live”, a terceira do set, Bonnet, suando em bicas, já afrouxa o nó da gravata e abre os botões de cima da camisa social. Por mais que o cantor em vias de se tornar setentão agite, topete e óculos escuros permanecem no lugar. A voz então nem se fala; amando-a ou odiando-a, reconheça: nada mudou.
Embora não tenha seguido a bordo — Joe Stump assumiu o posto de guitarrista em fevereiro de 2019 —, Pesinato joga com raça e não se deixa intimidar pelo nível de dificuldade de músicas como “Jet to Jet” (talvez a mais complexa contribuição de Malmsteen para o Alcatrazz) e “God Blessed Video”, verdadeira aula da técnica de two-hands tapping de Vai. Já nas músicas originalmente gravadas pelo comparavelmente menos virtuoso Johnson — “Ohayo Tokyo” e “Witchwood” — o cara pinta, borda e consegue até imprimir alguma identidade.
Falando em Johnson, o CD 2 do pacote, intitulado “Unheard Evidence: Demos and Rarities”, inclui nada menos que sete registros da última formação conhecida do Alcatrazz nos anos 80. Além de músicas de “Dangerous Games” ainda em estágio embrionário — “No Imagination”, “Blue Boar” e “Ohayo Tokyo” —, outras que poderiam ter feito bonito na tracklist do álbum, com destaque total para a irresistível “Losing You Is Winning”.
Mas a maior joia presente em “Evidence” é “Emotion”, demo datada de 1985, com Vai na guitarra, nunca antes disponibilizada. Aliás, fãs do guitarrista notarão certa semelhança entre ela e “I’ll Be Around”, faixa de seu álbum “The Ultra Zone”, lançado 14 anos mais tarde. Quer maior prova de que boas ideias não envelhecem?
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