Faithful Breath – “Gold ‘N’ Glory”
Lançado originalmente em 1984
Classic Metal Records – NAC. – 31min
“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante...”. Duvido que o inesquecível Raulzito fosse expert em rock alemão, mas sua música de 1973 veste como uma luva na carreira do Faithful Breath. Formada em 1966, a banda batizada The Magic Power e fazia o som progressivo típico de jovens “viajandões” que encaravam a música como uma expansão dos sentidos. A mudança de nome veio antes da adoção do estilo viking que a consagrou nos anos 80. É lógico que houve baixas — do núcleo fundador, apenas o vocalista e guitarrista Heinrich Mikus ficou para contar história. E escrever uma nova, com a graça de Odin!
Lançado pela belga Mausoleum Records em 1984, “Gold ‘N’ Glory” é o quinto capítulo dessa fase e simbolizou o fim da linha para o baixista Horst “Piet” Stabenow após uma década de serviços prestados. Completam o line-up o baterista Jürgen Düsterloh (morto em 2014) e um célebre desconhecido segundo guitarrista, Andy Bubi Hönig, cujo único trabalho que se tem notícia é justamente esse disco. Assinam a produção o então vocalista do Accept, Udo Dirkschneider, e Michael Wagener, que se tornaria um dos nomes mais requisitados pelas bandas do hard e heavy mundiais e acabaria produzindo álbuns que, somados, ultrapassam as 90 milhões de cópias vendidas.
“Don’t Feel Hate” dá início à peleja com o pé no acelerador e uma atual mensagem de não dar ouvidos a falsos profetas. Mais cadenciada, “King of the Rock” aposta na força de seu grudento refrão, daqueles capazes de mobilizar multidões. Em seguida, chamam a atenção em “Jailbreaker” os virtuosos arremates da guitarra e na balada “A Million Hearts” a interpretação carregada de emoção de Minkus e o modo com suas seis cordas se entrelaçam às de Hönig no solo em harmonia.
A faixa-título abre a segunda metade com notável inspiração em “Balls to the Wall” do Accept. A letra, a mais viking de todas do disco, inclui versos como “We sail our boats like we’re told and fight as mean as dogs” e deixa nítido que ouro e glória é tudo de que precisam. Na sequência, a ode à música ao vivo “Play the Game” ordena ao público: “Have some fun and don’t be sad tonight”.
Na reta final, “Princess in Disguise” acena novamente ao Accept — embora seu aspecto mais interessante seja o fraseado hard rock nos versos — e “Don’t Drive Me Mad” retoma o clima imperativo de algumas de suas antecessoras, apesar de incluir certo tom confessional (“I’m having nightmares almost every day”), mas nada capaz de diluir a força de seu instrumental; um encerramento digno dos portões de Valhalla.
A recém-lançada edição brasileira inclui slipcase, pôster e encarte com todas as letras. Ah, e o som é o mesmo da edição remasterizada lançada pela High Roller Records em 2020; ou seja, cristalino, lapidado no amor e na competência por Patrick W. Engel (Hatespawn, Signum Diabolis).
Já estou com minha cópia em mãos e fico muito feliz de saber que esta banda foi lançada oficialmente no mercado brasileiro. Meus parabéns pela resenha, seu trabalho tem sido de vital importância para a cena de Heavy Metal BR, sendo com os ótimos reviews e as lendas que ajudaram a moldar o estilo.
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