ENTREVISTA com Robert Sarzo (Hurricane) – Parte 2


Leia a Parte 1 aqui.


Na segunda e última parte da conversa, Robert fala sobre a carreira pós-Hurricane — incluindo seu álbum solo que permaneceu guardado por mais de uma década até finalmente ser lançado — e a retomada das atividades do grupo, que, com nova formação, está em estúdio gravando seu tão aguardado quinto álbum. Boa leitura!


Transcrição: Leonardo Bondioli

Fotos: Bo Ely e Tamea / Divulgação


MV: Chega 1989 e você sai da banda. O que houve?

RS: Eu não queria sair da banda! Na verdade, o Kelly queria me substituir, mas ventilou-se a ideia de que os outros também queriam. Dá pra sentir quando o clima começa a ficar estranho. A vida na estrada traz à tona todas as diferenças de personalidade, e depois de anos fazendo turnês você percebe que algumas pessoas são mais tranquilas de lidar do que outras. Kelly e eu vivíamos quebrando o pau, e eu soube que mesmo depois que eu saí a postura dele não mudou e os embates entre ele e outros guitarristas continuaram. 

Foi triste para mim porque se tivéssemos conseguido ficar juntos, teríamos produzido muita coisa bacana e chegado lá. Na hora de escolher entre a banda e eu, a gravadora escolheu ficar comigo, então compus e produzi um álbum solo chamado “After the Storm”. Às vésperas do lançamento, a gravadora entrou com pedido de falência...


MV: Putz!

RS: Estava tudo certo para que o disco saísse pela RCA. Só que o meu contato lá viajou para o México de férias e nunca mais voltou. Na época, minha esposa diagnosticada com câncer e eu meio que liguei o foda-se para o disco. Acabei lançando esse material de maneira independente em 2013.


MV: O Hurricane chegou a lançar outros dois álbuns sem você. No primeiro deles, “Slave to the Thrill” (1990), tem uma música sua chamada “10,000 Years”. Qual é a história por trás disso?

RS: Compus essa música com o Adam Mitchell quando eu ainda estava na banda. Eles decidiram mantê-la porque era uma composição minha em parceria com alguém de fora. Por mim, tudo bem. O título “10,000 Years” foi ideia minha e eu ainda tenho as demos de quando a estava compondo.


MV: Existem outras demos ou músicas inéditas dessa época?

RS: Sim. Na verdade, tenho todas as fitas máster dessa época. Tony e eu temos conversado sobre trabalhar essas músicas. No momento, estamos gravando nosso novo álbum. Temos Chad Cancino nos vocais e Mike Hansen na bateria. Mike está conosco há dez anos já!


MV: E esse novo álbum vai sair de maneira independente ou haverá respaldo de uma gravadora?

RS: Estávamos negociando com uma gravadora aqui de Los Angeles antes da pandemia. É uma gravadora que conta com várias bandas dos anos 80 no cast! 


MV: Em que pé estão as gravações?

RS: Estamos gravando nossas partes remotamente devido à covid-19, e eu estou produzindo tudo. Tony e eu compusemos também de maneira remota, enviando e recebendo as mp3s pela Internet e usando o Pro Tools. Nosso batera grava as partes dele em Chicago. Depois de tudo pronto, o Chad grava os vocais na casa do nosso engenheiro de som. 


MV: O que podemos esperar em matéria de som?

RS: Um heavy melódico com pegada dos anos 70 e 80!


MV: Os álbuns antigos do Hurricane são muito difíceis de encontrar hoje em dia. Há planos para relançá-los?

RS: Nossos advogados estão trabalhando nisso!


MV: Um dos itens mais raros que possuo na minha coleção é o single “One Family” (2011) do projeto United Rockers 4 U no qual você toca. Você poderia falar um pouco sobre ele?

RS: Isso foi ideia do Terry Ilous (XYZ). Um single beneficente para a Cruz Vermelha. A música já estava bastante adiantada quando ele me convidou para participar. Gravei minhas partes [de guitarra] em casa e foi isso. Para você ter uma ideia, eu nem tenho esse CD! [risos]


MV: Vi que você vinha tirando um extra tocando numa banda tributo ao Billy Idol chamado Idol X Tribute. Steve Stevens é um dos meus guitarristas favoritos. O que você considera o aspecto mais desafiador no estilo dele de tocar?

RS: O cabelo! [risos] Na verdade, Steve e eu nos conhecemos quando eu estava na banda do DL Byron e ele já era muito fodão. Nossos gostos musicais eram muito parecidos; ambos gostávamos de Yes, King Crimson. Tínhamos até os mesmos patrocinadores!

O que acontece é que paralelamente ao Hurricane eu montei um trio cover chamado 80 Proof VuDu com o baixista que toca com o Billy Idol. Um dia, o Matthew [Eberhart, vocalista] foi a um dos nossos shows e cantou algumas músicas do Billy conosco. Depois, ele me perguntou se eu toparia fazer um show com ele numa casa maior tocando só músicas do Billy e eu topei! Eu curtia o trabalho dele, então, por que não? Adoro as músicas que o Steve compôs com o Billy. 

Também tive um tributo ao Santana, mas na época em que eu estava no Queensrÿche do Geoff Tate. [Carlos] Santana abriu as portas para nós, músicos latinos radicados nos Estados Unidos. Depois que ele tocou em Woodstock, acabou o preconceito com músicos latinos no rock! Esse tributo era minha maneira de agradecê-lo. Ele é um sujeito que toca com a alma. Amo o som que ele tira da guitarra. Mas agora estou cem por cento dedicado ao Hurricane.


MV: Foi na época do Queensrÿche do Geoff Tate que você veio tocar no Brasil.

RS: Sim! Tocamos no Monsters of Rock em São Paulo em 2013!



MV: Eu estava lá!

RS: Jura?


MV: Aham!

RS: Cara! Era um baita público, né? Amei todas as pessoas que conheci e encontrei no Brasil. Vocês são um povo muito rock ‘n’ roll! Espero voltar em breve, agora com o Hurricane!


MV: O que mais você lembra da sua passagem pelo Brasil?

RS: Como sou latino, me senti em casa, em família. Brasileiros adoram sorrir e abraçar. Vocês são muito carinhosos! Pude conhecer os arredores [de São Paulo] e, lá pelas tantas, meu amigo e eu acabamos nos perdendo. Como ninguém entendia o meu inglês, comecei a falar em espanhol e, veja só você, conseguimos voltar para o hotel! [risos]


MV: Você pode até ter perguntado em espanhol, mas com certeza a resposta foi dada em portunhol! [risos]

RS: Não duvido! [risos] Mas o importante é que conseguimos encontrar o caminho de volta para o hotel. Reitero: não vejo a hora de poder voltar ao Brasil!


Saiba mais sobre o Hurricane no Facebook oficial da banda.


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