RESENHA: Volkana – “First” (Relançamento 2021)


Volkana – “First”

Lançado originalmente em novembro de 1991

Classic Metal Records – NAC. – 1h11min


Depois de fazer justiça à história do Vodu por meio do relançamento de “The Final Conflict” (1986), “Seeds of Destruction” (1988) e “Endless Trip” (1993) em CD, a Classic Metal Records investe em novas edições dos dois álbuns de estúdio do Volkana, engrossando o caldo da volta do grupo sacramentada em 2017.


A trajetória do Volkana começa em 1987, em Brasília, quando a guitarrista Karla Carneiro e a baixista Mila Menezes unem forças com Elaine (vocais) e Ana (bateria), logo substituídas por Marielle Loyola e Débora, egressas das bandas Detrito Federal e Arte no Escuro. Em busca de oportunidades para viver de rock, as quatro se mudam de mala e cuia para São Paulo e fazem uma demo, “Trash Flowers” (1989), que lhes abre portas para gravarem seu LP de estreia, “First”, pela gravadora Eldorado; a mesma de Viper/Angra e Ratos de Porão.



Aí Débora resolve sair. Pat, da banda Ozone, assume as baquetas por um breve período, mas na hora H, quem acaba tocando bateria no disco, meio que para quebrar um galho, é Sérgio Facci, do Vodu. No encarte do LP — reproduzido na presente edição em CD —, Facci é creditado como músico convidado com direito a fotinho. Entretanto, a qualidade de sua performance é tamanha que não demora até que fosse efetivado no posto que ocuparia até 1996, ano em que o Volkana encerra oficialmente as atividades, e que voltaria a ocupar 21 anos depois. 


O que se ouve em “First” é um thrash metal cujas letras conjuram imagens aprazíveis como devem ser as trevas do inferno e a danação eterna das almas. A morte é uma constante do shakespeariano título “To Die is Not to Die” ao impossivelmente mais direto “Descent to Hell”; “Hell” esse que reaparece no convite à mudança que atende por “Hide”: “Break this wall / Clean your soul” são as soluções propostas para recolocar nos trilhos uma vida miserável. 



Na derradeira “Volkanas” o tom fantástico adornado por criaturas aladas e paisagens devastadas pela guerra — outra constante, vide a letra de “War? Where My Enemy Lies” — não subtrai a seriedade da mensagem: “We’re gonna fight this war”. Que ficasse claro para a concorrência que elas (e ele) não estavam de brincadeira. “Desertion is solitude” poderia ser máxima de Nietzsche, mas é verso de “Silent City”, longa narrativa ambientada numa metrópole de mortos-vivos. 


Completam o repertório o brado sobre confiar no próprio taco “That’s My Victory”, a instrumental “Scratch Noise” e um cover de “Pet Sematary” dos Ramones porque não há banda de thrash que não traga o punk rock em seu DNA. De bônus, as duas faixas da demo “Trash Flowers” — “Descent to Hell” e “Hide” — e a íntegra da apresentação no Dama Xoc, lendária casa de shows da capital paulista, em 1992, no qual “First” é tocado de cabo a rabo para uma galera que provavelmente não fazia ideia de que estava sendo gravada. 


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