ENTREVISTA: Ron Keel compartilha sua visão do rock e do metal e fala sobre transição para a música country
Figura icônica no mundo da música, Ron Keel emerge como uma personalidade multifacetada com uma história que abrange décadas de sucesso e reinvenção. Sob os holofotes, ele resplandece com uma variedade de projetos musicais, cada um carregando sua própria narrativa. Entre o hard rock dos anos 1980 e as melodias cativantes da música country, Keel traçou uma trajetória única, moldada por sua paixão pela música e sua busca incessante pela expressão artística, construindo um legado que ecoa através do tempo.
A iminente chegada de Ron Keel ao Brasil para dois shows promete ser um evento marcante para os fãs sul-americanos. Sua abordagem eclética promete uma viagem musical que transcende fronteiras temporais e estilísticas. Dos palcos acústicos aos elétricos, Ron promete uma experiência que captura toda a amplitude de sua carreira, desde os dias gloriosos do Keel até sua evolução como artista solo com a Ron Keel Band. Com um setlist repleta de sucessos e surpresas, os espectadores brasileiros podem esperar duas noites de celebração inigualáveis.
Mas por trás da imponente figura de rockstar, Ron Keel revela uma alma apaixonada pela arte, enraizada na autenticidade do estilo de vida cowboy. Ao confrontar escolhas entre cavalos e Harley-Davidsons, encarna o espírito resiliente do cowboy moderno: uma síntese de força, determinação e paixão pela vida.
Boa leitura!
Por Marcelo Vieira
Shows seus no Brasil são algo que eu dificilmente poderia imaginar. Como isso aconteceu?
É tudo graças ao promotor Rodrigo Scelza e ao meu grande amigo Carlos Chiaroni da Animal Records. Eu tinha um show em Bogotá, Colômbia, e, não conhecendo o mapa tão bem quanto provavelmente deveria, pensei, “por que não aproveitamos para ir ao Brasil?” Então entrei em contato com o Carlos, e ele me colocou em contato com o Rodrigo. E eu subestimei a distância de Bogotá até São Paulo. É uma viagem bastante longa. Então, realmente, agradeço ao Rodrigo e ao Carlos por fazerem o esforço para me levar até o Brasil. É um sonho que se torna realidade para mim. Nunca estive aí, e pode ser a minha última vez. Então vou garantir que aproveitemos cada música, cada momento, cada experiência.
Está nos planos uma sessão de autógrafos ou um meet-and-greet com os fãs?
Vamos fazer um meet-and-greet na Animal Records. E, é claro, após cada show, estarei à disposição dos fãs, apertando mãos, tirando fotos, autografando, o que as pessoas quiserem. Estarei lá para eles.
Lendo a autobiografia de Yngwie Malmsteen, tem-se a impressão de que ele simplesmente usou você e outros caras do Steeler para vir para a América. Não há uma palavra de gratidão ou reconhecimento. Ele até menciona que não gostava da sua voz. Ele sempre foi assim?
Bom, Yngwie Malmsteen e eu estamos eternamente ligados por aquele álbum [homônimo] do Steeler, que foi lançado em 1983. Foi o primeiro álbum dele. Foi o meu primeiro álbum. Embora não concordássemos musicalmente, não tivemos brigas ou discussões. Naquela fase da sua carreira, você usa o que tem, o que pode para alcançar seus objetivos. E a verdade é que, quando ele saiu do Steeler, saiu para se juntar a uma banda com um grande contrato de gravação, o Alcatrazz, com um de seus cantores favoritos, Graham Bonnet. E não teria importado se concordássemos ou não. Ele teria saído por aquela oportunidade. E eu teria dado minha bênção como fiz. Desejamos boa sorte. Vá e arrebente. E nunca houve arrependimento. Eu gostaria na época que pudéssemos ter combinado nossos elementos.
E Yngwie não gostar da minha voz? Eu também não gostava da minha voz! Honestamente, sei que aquele álbum é uma peça muito especial da história para os fãs, para o metal como um todo. É uma pedra angular histórica, lendária, daquela era mágica chamada anos 1980. Mas eu tinha muito a aprender. Yngwie era incrivelmente talentoso desde o início. Eu meio que comparo o Steeler com o Van Halen, onde Eddie Van Halen era o gênio musical, e David Lee Roth era o astro do rock. Eles encontraram uma maneira de combinar esses dois elementos para criar magia. Eu gostaria que Yngwie e eu talvez pudéssemos ter combinado seu talento musical com meu desejo de fazer um show e ser um astro do rock e encontrado algum meio-termo. Mas não estava destinado a ser.
E foi um ótimo começo para ambos. Estou feliz por estar onde estou hoje. E estou orgulhoso dele e de suas conquistas também. Mas gostaria que pudéssemos pelo menos conversar. Não nos falamos há décadas. Gostaria que pudéssemos apenas conversar e ser amigos. Felizmente, muitas das pessoas com quem trabalhei e a quem dei oportunidades são muito gratas, então compensa. Fui responsável, e muitos sonhos se tornaram realidade para muitas pessoas boas e grandes músicos. Então sou grato por isso. Infelizmente, Yngwie não está nesse grupo.
Houve alguma lição de sua época no Steeler que você carregou para sempre? Algo que você aprendeu naquela época e que permaneceu um princípio orientador para você.
Tantas coisas. Aprendi como liderar uma banda. Aprendi muito sobre o negócio, sobre composição de músicas. Foi quando eu estava começando a realmente aprender a compor músicas. E acho que há algumas boas músicas naquele álbum do Steeler, como “Cold Day in Hell”, “Backseat Driver”. “Serenade” é uma boa música, agora que a canto como um homem, não como cantei naquela época. Mas aprendi muito. Toda experiência leva você a crescer. E depois do Steeler, percebi que sou o tipo de cara que precisa estar no comando. Sou um líder nato. Sou um contador de histórias, um compositor, um frontman, e preciso liderar. E é por isso que quando montamos o Keel. Assim que o Steeler acabou, o Keel começou. E eu realmente assumi firmemente o papel de liderança no Keel, e isso deu muito certo muito rapidamente. Em poucos meses, estávamos gravando nosso primeiro álbum, “Lay Down the Law” (1984). E então, alguns meses depois, estávamos assinando com a A&M Records e trabalhando com Gene Simmons do Kiss. Então, em um período de tempo muito curto, essas lições que aprendi no Steeler foram colocadas em prática.
Recentemente, escrevi um artigo com base no que li em sua autobiografia sobre seus dias no Black Sabbath. Gostaria de discutir brevemente isso. Tanto Tony Iommi quanto Geezer Butler se apegam à história do “lado errado da fita”. Na sua opinião, isso é apenas uma desculpa, certo? Talvez você fosse muito jovem, muito “rockstar” para eles?
Há algumas razões pelas quais o acordo com o Black Sabbath desmoronou. E talvez o Black Sabbath como um todo, e esse é um ponto. Como um ator em um filme, ser o vocalista do Black Sabbath, é sombrio, é maligno, é poderoso. E esse é um papel que eu abracei completamente durante o meu tempo com o Black Sabbath. Eu não era o cara da festa, sabe, não no palco. Com o Keel, sempre há muitos sorrisos. Estamos nos divertindo. É uma celebração, uma festa. O Black Sabbath é muito mais sério. E esse é apenas um papel que eu estava interpretando quando fiz o teste e quando consegui a vaga. Mas a razão pela qual isso não continuou foi puramente comercial.
Na verdade, Tony e Geezer só queriam o Ozzy de volta. E eu não os culpo. Ozzy é o frontman do Black Sabbath. Claro, os anos de Ronnie James Dio foram muito especiais para todos nós, e o legado de Ronnie fala por si. E tive muita sorte alguns anos atrás de participar de um projeto chamado Emerald Sabbath, onde muitos dos ex-membros do Sabbath, eu incluso, fizemos um álbum [“Ninth Star” (2019)], e eu pude gravar três músicas do Sabbath no disco: “Die Young”, “Hole in the Sky” e “Thrashed”. Então, foi uma ótima experiência para mim.
E estamos fazendo isso novamente no meu novo álbum, “Keelworld” [previsto para julho deste ano]. Temos uma nova versão de “Children of the Grave”, que inclui eu mesmo, Bobby Rondinelli na bateria, Neil Murray no baixo e meu guitarrista Dave Cothran da Ron Keel Band. Bobby Rondinelli e Neil Murray tocaram no Sabbath e fizeram turnê com o Sabbath ao mesmo tempo, mas nunca gravaram Sabbath juntos até agora, então estou muito orgulhoso disso.
Sua biografia dedica um capítulo inteiro a essa experiência. Nos livros de Tony e Geezer, a menção a você é limitada a alguns parágrafos. Como você percebe essa discrepância? Para você, eles não se lembram, ou não querem mostrar ao mundo como as coisas estavam caóticas naquele ambiente na época?
Tony e Geezer, no que me diz respeito, são a realeza do rock. Eles são deuses do metal, e podem dizer o que quiserem. A história é muito clara para mim. Eu vivi isso. Tenho um contrato assinado. Conversei com os empresários deles. O acordo estava fechado, e não houve essa de lado errado da fita. Isso não aconteceu. Eu não enviaria a fita errada para uma audição. Se eu te enviasse uma fita, ela teria a minha voz.
Então veio o Keel. A banda que leva seu sobrenome e, portanto, presume-se que, como Dokken ou Vandenberg, você era quem estava no comando. Como funcionava a hierarquia?
Não havia democracia. Eu dava as cartas, e eu disse aos caras quando entraram na banda: “deixem-me liderar vocês. Deixem-me guiar essa banda. Me deem três meses. Se depois de três meses não estiver funcionando, então podemos renegociar.” Mas em questão de semanas, estávamos fazendo nosso primeiro show lotado no sul da Califórnia, e em questão de meses, como eu disse, estávamos gravando um ótimo álbum, “Lay Down the Law”, para a Shrapnel Records, e imediatamente depois disso, conseguimos um contrato. Então estava funcionando, e os caras eram maduros o suficiente, espertos o suficiente e famintos o suficiente para seguir minha liderança.
Claro, tivemos muita ajuda com essa liderança. Tínhamos uma ótima administração. Tínhamos uma ótima gravadora que realmente acreditava em nós. Tínhamos o Gene Simmons. Então não era apenas eu. Muitas pessoas estavam abrindo o caminho, e à medida que nos aproximávamos como banda no Keel, começamos a escrever mais músicas juntos. Marc Ferrari escreveu algumas das melhores músicas do Keel ao longo de nossa história, então realmente nos tornamos uma família, uma banda, uma equipe. Começou não como uma democracia, mas com minha visão, e sou muito grato a esses cartas por terem tido essa fé em mim para seguir essa visão.
Como você lida com o fato de que a música mais bem-sucedida da banda foi um cover? Quero dizer, vocês têm músicas incríveis, melhores do que “Because the Night”. Você acha que isso se deve em parte ao boom das power ballads que aconteceu nos anos 1980?
É uma música popular porque é uma ótima música, antes de tudo, e faz parte de todos os shows que faço. É parte da minha história e do meu legado. Sempre cantarei essa música. Mas na época, não a consideramos o lead single em potencial. Quando gravamos o álbum “The Final Frontier” (1986), tanto Gene Simmons quanto eu gostamos muito de “Because the Night”. Achamos que era ótima, talvez para segundo, terceiro ou quarto single, mas não como o principal, a primeira música de trabalho desse álbum. Acho que foi um erro lançá-la naquele momento porque estávamos saindo de “The Right to Rock” (1985), um grande, poderoso e enorme hino do metal. Acho que deveríamos ter lançado “Rock and Roll Animal” como o primeiro single para estabelecer a identidade e dizer aos fãs quem somos. “Because the Night” era apenas uma parte do que o Keel era. O primeiro single de um álbum realmente tem que te representar. Mas a gravadora, Gene, e todo mundo achou que faria um sucesso estrondoso. Olhando para trás agora, provavelmente foi um erro lançá-la como o primeiro single. Mas tenho muito orgulho do sucesso que teve. E quando os fãs todos cantam essa música comigo, é só alegria.
Você poderia falar um pouco sobre Gene como produtor?
Gene estava, na época, aprendendo como atuar do outro lado do vidro, atrás do console. Mas, em sua essência, Gene é um compositor, um cantor, um astro do rock, um intérprete e um verdadeiro amante da história do rock e do rock. Ele me ensinou muito sobre a gravação de músicas, de grandes hinos do metal com várias guitarras e enormes vocais de fundo, como o baixo funciona com o bumbo; ele observava o bumbo e os dedos do baixista, e garantia que os caras estivessem em perfeita sincronia, em uníssono. E eu ainda uso muitos dos truques que aprendi com Gene em todas as sessões de gravação que faço.
Mas acima de tudo ele era um ser super-humano, um cara legal, amigo e um mentor, além do fato de que não é segredo para ninguém que os fãs do KISS compraram o Keel por causa do Gene. E o fato de Gene e Paul ambos terem abraçado o Keel levou todos os fãs do KISS a comprarem o álbum “The Right to Rock” na semana em que foi lançado, tornando-o um álbum muito bem-sucedido em grande parte por causa da música “The Right to Rock”. É um hino do metal atemporal e poderoso. As outras músicas também são ótimas. A capa do álbum em si é uma obra de arte, uma das mais belas artes de capa de álbum.
Ainda hoje, muitos dos meus fãs são fãs do KISS. Eu mesmo sou fã do KISS. Lembro-me de ir ao meu primeiro show. Foi o KISS em Dallas, Texas, e lutei até chegar na primeira fila. Eu tinha 16 anos e peguei a palheta do Gene naquela noite. Fui atingido pelo sangue dele, pelo cuspe dele. Senti as chamas. Eu estava lá, meu primeiro show, e não conseguia imaginar que sete anos depois, estaríamos sentados lado a lado fazendo meu primeiro álbum por uma grande gravadora. Que grande experiência e que ótimo ser uma parte ainda que ínfima da família KISS.
Você acha que esses álbuns envelheceram bem? Não quero dizer do ponto de vista musical, mas a estética geral, produção etc.
Acho que não cabe a mim julgar. Posso dizer agora que acabamos de fazer um acordo de filme, um projeto cinematográfico que incluirá “The Right to Rock” na trilha sonora e, como você provavelmente sabe, regravei essa música alguns anos atrás com minha banda, Ron Keel Band. Essa nova versão soa incrível. Tem uma produção moderna, polida, mas ainda poderosa e crua, um ótimo vocal. Aprendi muito. Canto essa música há muito tempo, então estou muito orgulhoso do novo vocal na música, da produção, das guitarras. Ficou fantástico. Mas as pessoas do filme disseram: “Não, não, não. Queremos a versão original.” Eles querem a gravação antiga, de 1985, e está tudo bem. Mas acho que a nova versão é muito melhor. Dito isso, fiquei muito orgulhoso da oportunidade de ter uma segunda chance de regravar alguns clássicos do Keel no EP “Keeled” (2022) pela Ron Keel Band.
Na sua opinião, qual foi o grande diferencial do Keel em comparação com outras bandas de hard rock mainstream da época?
[Pensativo] Em disco, há dois aspectos. Um eram as gravações. Os três grandes álbuns do Keel dos anos 1980 — “The Right to Rock”, “The Final Frontier” e o álbum homônimo de 1987 — têm todos sons muito diferentes. Há uma identidade diferente em cada uma dessas gravações. Acho que porque ainda tínhamos 25 anos, e na época não nos sentíamos jovens. Aos 25 anos, eu já tinha feito turnê por 10 anos. Mas éramos realmente jovens, e ainda estávamos aprendendo e crescendo como compositores. Eu estava procurando minha identidade como compositor, como frontman, como cantor. Acho que realmente não alcançamos isso até o álbum homônimo em 1987, com “United Nations”, “I Said the Wrong Thing to the Right Girl”, “Somebody’s Waiting”, “Cherry Lane”. Naquele disco, realmente nos encontramos; talvez um pouco tarde demais. Em 1987, o tempo estava voando, e as coisas tinham mudado. Já tínhamos tido nossa chance, basicamente. Então, nas gravações, éramos muito diversos, e cada álbum era muito diferente.
O que acho que nos diferenciava ao vivo, naquela época, era a pura energia do show. Quero dizer, aprendi muita coreografia de bandas como KISS e Judas Priest, shows em que havia muito movimento, muita ação. Cada movimento era programado e planejado para que ninguém levasse uma guitarra na cara! Havia muita ação acontecendo no palco, e isso nos ajudou a realmente conquistar o público ao vivo. Mesmo quando éramos a banda de abertura, como fomos para o Bon Jovi, o Aerosmith, o Van Halen e o Dio. E quando você é a banda de abertura, tudo o que você tem é sua energia. Você não tem o grande show e a produção e as luzes e a fumaça e todos os adereços; tudo o que você tem é seu tônus e energia. Então, colocamos muito disso para tentar ser o mais atlético possível no palco. Acho que isso foi o que nos diferenciou.
Em comparação ao que se vê nos vídeos dos anos 1980, eu me movo um pouco mais devagar agora, mas ainda estou saudável. Ainda estou ativo! Ainda tenho minha voz e minha saúde, mas não todos aqueles movimentos mais. Temos alguns movimentos, alguns passos ensaiados, mas não aqueles. Aquilo era loucura, cara. Era absolutamente fora de controle.
Você se envolveu em alguns projetos relacionados ao rock antes de se dedicar à música country. Dessas experiências, há alguma que você considere especial ou que acredita que deveria ter recebido mais reconhecimento?
Fair Game e Saber Tiger foram dois dos meus favoritos. O álbum do Fair Game [“Beauty and the Beast”, gravado em 1992, mas lançado em 2000] é excelente. Foi quando coloquei em prática todo o conhecimento e experiência em termos da minha voz e das minhas composições que aprendi tanto com o Steeler quanto com o Keel. E o conceito, um vocalista de rock masculino com uma banda feminina por trás, era ótimo. Ao vivo era muito bom. Acho que o repertório fala por si. Mas naquela época, em 1990, 1991, não havíamos percebido que nosso tempo havia passado; achávamos que esse hard rock duraria para sempre. Nos anos 1990, o grunge e a música country realmente dominaram o mainstream, mas bandas femininas, por qualquer motivo, não tinham um bom histórico de permanecerem juntas ou se darem bem, vide Bangles, Go-Go’s ou Vixen. Sempre havia turbulência em bandas assim. Parte disso é bom para a música, mas outra parte leva à instabilidade. Era isso que pensavam as gravadoras, e eu não percebi que isso seria um problema.
Quanto ao Saber Tiger, esse disco [“Project One” (1997)] é muito especial para mim. É o álbum mais pesado que já fiz, e tenho muito orgulho do direcionamento, da experiência de escrever as letras daquele álbum. Ir ao Japão e gravar com Akihito Kinoshita e uma ótima equipe de músicos, engenheiros e produtores japoneses, e a gravadora deles, a Fandango Records. Eles acreditaram em mim. E isso foi no meio dos meus anos de música country. Isso foi em 1996, quando eu estava fazendo música country há vários anos, e de repente essa oportunidade surgiu para mim. E eu tive que me jogar de cabeça não apenas no rock, mas no metal também. E foi uma grande experiência para mim poder fazer os dois. E acho que essas experiências me levaram para onde estou agora com meu coração de metal e minha atitude de cowboy. Eu amo ambos os aspectos da minha carreira. Eu amo o lance do cowboy. Eu amo o lance do metal. E essas experiências me fizeram quem eu sou.
A sua carreira no country foi mais resultado de desilusão com o rock, ou é reflexo de algo que você traz desde pequeno?
Nunca fiquei desiludido com o rock. Eu amo o rock, sempre amei e sempre vou amar. Foi o fato de repentinamente não haver mais contrato de gravação. Não havia mais turnês. Eu tinha uma casa em Santa Mônica, carros esportivos, casa de veraneio. Mas não tinha como pagar as contas. E foi pesado me dar conta de que meu tempo havia acabado. Que o hard rock estava acabado. “Como assim, aos 33 anos, minha carreira acabou?” Tenho uma esposa e filhos para cuidar. E a força motriz principal para mim sempre foi criar música. E eu sempre toquei de tudo; quando era criança, tocava jazz, blues, música clássica. Fui músico de orquestra. Sempre amei música de todos os tipos. E comecei a escrever músicas que eram um pouco mais simples e um pouco mais verdadeiras, onde as letras não eram apenas sobre sexo, drogas e rock ‘n’ roll, mas sobre a vida real, sobre estar duro ou se divorciando ou mesmo no bar tomando cerveja. E essas começaram a soar como música country.
Costumo dizer que o metal e a música country têm raízes profundas juntos. Você pode ouvir “Every Rose Has Its Thorn” e dizer que é uma música country, mas não acho que o Poison estava tentando fazer uma música country. Bret [Michaels, vocalista do Poison] estava apenas abrindo o coração. Ele estava apenas tocando e cantando o que sentia. Eu estava fazendo a mesma coisa. E soava como música country. E me deu uma saída e uma maneira de continuar a criar, escrever músicas e me apresentar. Porque nos anos 1990, a música country estava enorme. Você tinha Garth Brooks tocando em todos os bares, salões e tavernas, sempre lotados de mulheres bonitas e pessoas tomando cerveja e dançando. Era como a Sunset Strip nos anos 1980, cara! E eu consegui montar uma ótima banda e tocar ao vivo cinco noites por semana durante toda a década. E eu amo tocar ao vivo. Eu amo cantar. Eu amo o desafio de dominar uma nova forma de arte.
Agora, você não pode simplesmente se tornar country. As pessoas dizem: “Ele se tornou country.” Você não faz isso, cara! Eu te digo, se você subir no palco em um rodeio e colocar um chapéu de cowboy, se você não for real, as pessoas vão jogar m#rda em você até você sair do palco. E quando você sair do palco, elas vão te trucidar. Você não finge isso. Ser cowboy é real. É um estilo de vida. É uma atitude. E você não pode enganar essas pessoas. Você não pode enganar esse público. Então veio, sim, do meu coração, das minhas raízes. Eu nasci no sul. Meu pai era músico country. Eu ouvi isso a vida toda. Cresci ouvindo esses discos junto com Beatles, Stones e The Who. Mesmo quando era mais jovem, começando a tocar em bandas, ouvíamos Black Sabbath e Eagles na mesma estação de rádio. Para mim, era apenas uma forma diferente de arte, como a diferença entre pintar um quadro ou fazer uma escultura. Tudo é arte. São apenas tipos diferentes de arte.
Pode-se dizer que você está artisticamente realizado com o que produz hoje em dia?
Absolutamente. Encontrei um lugar entre o concreto e o metal e as estradas de terra vermelha nas montanhas que posso chamar de lar. Terra de ninguém. É o lugar onde me sinto em casa. Consigo escrever músicas que significam algo, que dizem algo; músicas que falam do coração, mantendo as batidas poderosas, as guitarras estridentes e vocais intensos, suor, poder e energia. Então, combinei esses elementos no que chamo de cowboy metal.
Mas se precisasse escolher entre se locomover a cavalo ou numa Harley, o que escolheria?
Essa é uma escolha difícil. Você pode chegar aonde está indo em qualquer veículo. E eu não tenho um cavalo, mas tenho uma Harley. Então, acho que minha Harley é meu cavalo! Mas acho que ser um cowboy é mais do que isso. É um estilo de vida, uma atitude. É ser gentil com as mulheres, abrir a porta para elas, fazer a coisa certa, ser uma boa pessoa, trabalhar duro e fazer o que o trabalho exige. Muito disso faz parte da mentalidade ou da história do cowboy. É isso que os cowboys fazem. Eles trabalham duro, se esforçam, lidam com qualquer clima, dor ou adversidade, e superam tudo com um sorriso e uma cerveja!
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