Porta-voz da Hatematter, o baixista André Martins compartilha insights sobre o processo de criação do ainda recente “Antithesis” (2023), abordando os desafios enfrentados durante a pandemia e a perda do guitarrista Gustavo Polidori. Ele destaca como o álbum reflete um período sombrio marcado por emoções intensas, explorando dualidades e antíteses tanto na música quanto nas letras. Martins também discute o impacto da entrada de novos membros na dinâmica da banda e revela os próximos passos a serem dados.
Por Marcelo Vieira
Como foi o processo de criação e gravação do álbum “Antithesis”, especialmente considerando os desafios enfrentados durante a pandemia e a perda de Gustavo Polidori?
Foram anos de incertezas, tanto por causa da pandemia quanto pelas perdas. A gente nunca para de compor e trocar material, então alguns riffs nasceram enquanto o Polidori ainda estava vivo. Ou seja, a pandemia já estava nos deixando mais para baixo, com a perda do Polidori isso se intensificou e refletiu na densidade e na quantidade de camadas que as músicas possuem.
Você poderia falar um pouco mais sobre a temática e o conceito por trás de “Antithesis” e como isso se reflete nas letras e na música do álbum?
O “Antithesis” segue o caminho do que fizemos no “Metaphor” (2018): temas variados, dentro do contexto de sci-fi e algumas letras mais intimistas. A ideia foi escolher temas que aproveitam ao máximo o uso dos Synths e, para o título e a arte do álbum, a contradição existente entre a tecnologia e a natureza.
Quais são as influências musicais e artísticas que moldaram a sonoridade e a atmosfera de “Antithesis”?
Basicamente os Synths. A entrada do tecladista Rafael Augusto Lopes na banda acabou nos desafiando a utilizar da melhor maneira possível os novos recursos que tínhamos disponíveis. Com isso, reestruturamos todas as músicas para aproveitar ao máximo. Falando de influências, acredito que tenha sido uma mescla do death metal melódico dos anos 2000 com o metal industrial.
“Antithesis” reflete um período sombrio marcado por várias emoções. Como vocês equilibram essas emoções no álbum e o que esperam que os ouvintes sintam ao ouvi-lo?
Provavelmente cada um da banda teria uma resposta pessoal e diferente para essa pergunta. No meu caso, acredito que quando a música é lançada já não é mais sua e espero que as pessoas identifiquem sentimentos diferentes a cada audição. Espero que explorem todas as camadas e percebam todos os detalhes que colocamos nas músicas e, em cima disso, criem sua própria visão sobre o material.
Explicando o título, você poderia destacar algumas das dualidades e antíteses presentes nas letras e na música de “Antithesis”?
Assim eu vou entregar as camadas que existem no álbum! [Risos.] Mas, a título de exemplo, a música mais rápida e agressiva é a que tem a letra mais positiva e as músicas intimistas flertam, nas letras, com o primeiro álbum da banda, “Doctrines” (2012). Na época que lançamos o álbum postamos artes individuais das músicas. A dica que eu dou é olhar com carinho esse material.
Como as entradas do guitarrista Thiago Ribeiro e do baterista André Kim na banda influenciaram a dinâmica e o som da Hatematter? Quais são as expectativas e os planos da banda com essa nova formação?
Entendo que a Hatematter possui um estilo e uma dinâmica bem definidos, e as mudanças de formação acabam funcionando como uma soma em arranjos e visões sem mexer na estrutura da banda. É como redecorar alguns cômodos de uma casa que está pronta e funcional. No caso do Thiago, por ele ser letrista da banda desde o “Foundation” (2015), acredito que agora pode se desafiar a trazer novos elementos além da parte lírica e melódica, explorando mais riffs e os espaços de composição do instrumental.
O caso do Kim acredito que seja mais desafiador, pois ele é um baterista da escola Stoner, ou seja, gosta de tocar com pressão e força, e estou bem curioso para ver como ele vai acrescentar esses elementos nas próximas composições.
Como foi a experiência de colaborar com Mayara Puertas na faixa “Liberate Me”? Gostaria de saber, também, como essa parceria aconteceu.
Conheço o trabalho da Mayara desde antes do Torture Squad, já dividimos o palco com ela em algumas oportunidades e o Rafael Augusto Lopes trabalha com ela no Fanttasma e outros projetos, então é uma pessoa incrível que faz parte do nosso círculo. Com isso, quando estávamos pré-produzindo a “Liberate Me”, achamos que seria legal ter uma narração do começo da faixa. Pensamos na Mayara, o Lopes mandou uma mensagem e rolou! No dia seguinte, ela estava nos visitando no estúdio para gravar e, como ficou registrado, fez muito mais do que somente uma narração! [Risos.]
O que a inclusão dela adicionou à dinâmica e à mensagem de “Liberate Me”?
O Thiago já tinha estruturado a letra para a nave de “O Enigma do Horizonte”, que tem voz feminina no filme, tivesse destaque no refrão da música, então a Mayara assumiu todos os trechos em que seria a nave dialogando e gostamos muito do resultado! Para quem viu o filme, vai perceber que letra, música e arte compõem camadas!
Como tem sido a resposta dos fãs e da crítica ao álbum? Houve algum feedback específico que os surpreendeu?
Com certeza é o álbum que melhor divulgamos para resenhas! E todas soaram bem positivas; mesmo as que continham alguma crítica construtiva sempre foram muito respeitosas conosco. Acho que todas que falaram sobre a adição dos Synths foram as que mais nos surpreenderam, pois ficamos com a sensação de missão cumprida! Claro que temos muito mais para mostrar e adicionar, mas sentimos que estamos no caminho certo.
Quais são os próximos passos para a Hatematter? Há planos para turnês, clipes ou outros projetos no horizonte?
Nada de turnê esse ano, somente shows pontuais. Tem sido um ano bem atarefado nas nossas vidas pessoais e estamos precisando dar uma equilibrada nesse sentido. Por outro lado, isso permite que a gente trabalhe em novas composições. Um grande objetivo nosso é reduzir o tempo entre os lançamentos e estamos bastante focados nisso!
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