RESENHA: Clouds - "Doliu" (Relançamento 2024)

 


Clouds - "Doliu"

Lançado originalmente em 26 de maio de 2014

Cold Art Industry - Nac. - 60min


Com mais de 658 mil reproduções no Spotify e a participação especial do cantor Jón Aldará, "If These Walls Could Speak" é a faixa mais ouvida do Clouds nesta plataforma digital. A vantagem é ampla em comparação a "You Went So Silent", a segunda no ranking, beirando 136 mil plays. O fato de ambas pertencerem a "Doliu" diz muito sobre a unicidade do trabalho de estreia do projeto de atmospheric doom/death metal, capitaneado pelo multi-instrumentista romeno Daniel Neagoe, que completou 10 anos de lançamento no último dia 26 de maio.


Quando formou o Clouds em 2013, Neagoe foi claro quanto às motivações: fazer música dedicada aos que já partiram, aos entes queridos que agora não estão mais entre nós. Daí o título do álbum ("Luto") e o teor de músicas como "Heaven Was Blind to My Grief", cuja letra pinta um quadro de profundo desespero e uma sensação de abandono, tonificados pelo gutural de Daniel, que também toca bateria — instrumento que assumiria no Shape of Despair de 2015 a 2019 — e pelo lamento das guitarras conduzido pela dupla Jarno Salomaa e Déhà.



Em "A Glimpse of Sorrow", quem brilha é Pim Blankenstein; os urros do líder do holandês Officium Triste oferecem, na segunda parte da música, o contraponto perfeito ao piano minimalista de Kostas Panagiotou que domina a primeira. "Sorrow folds me well" ("A tristeza me envolve bem"), entoa Neagoe em "The Deep Vast Emptiness", que, com exatos 13 minutos de duração, sagra-se a mais extensa do repertório; e também a mais distinta em forma, com seções que parecem acompanhar a letra, que retrata um desejo ardente de libertação de um mundo percebido como frio, vazio e devastador.


Na derradeira "Even If I Fall", temos um vislumbre dos trabalhos subsequentes do Clouds, nos quais a balança pesa mais para o lado do doom que para o do death, tendo como fiel a atmosfera enlutada e reflexiva muito pertinente àqueles que não lidam bem com a brevidade da vida.



Tão belo quanto triste, "Doliu" faz sua estreia no mercado brasileiro em uma caprichada edição da Cold Art Industry: digipak limitado com slipcase, encarte feito especialmente para o lançamento, verso sobressalente — para aqueles que preferem o bom e velho jewel case —, adesivo e ímã. Além de tudo isso, traz ainda a faixa bônus "Serenity", número instrumental ausente em outras versões do disco.


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